quarta-feira, 13 de julho de 2011

RELAÇÕES APÓS A MORTE


274 As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre eles
uma hierarquia de poderes? Existe entre eles subordinação e autoridade?
– Sim, muito grande. Os Espíritos têm uns para com os outros uma
autoridade relativa à sua superioridade, que exercem por uma ascendência
moral irresistível.
274 a Os Espíritos inferiores podem escapar da autoridade dos
superiores?
– Eu disse: irresistível.
275 O poder e a consideração que um homem desfrutou na Terra
lhe dão alguma supremacia no mundo dos Espíritos?
– Não. Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede
os Salmos (5).
275 a Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?
– Não sabeis que os Espíritos são de diferentes ordens, de acordo
com seu mérito? Pois bem! O maior da Terra pode estar no último lugar
entre os Espíritos, enquanto seu servidor pode estar no primeiro. Compreendei
isso? Jesus disse: “Todo aquele que se humilhar será elevado e todo
aquele que se elevar será humilhado”.
276 Aquele que foi grande na Terra e se encontra entre os Espíritos
de ordem inferior passa por humilhação?
– Freqüentemente muito grande, principalmente se era orgulhoso e
invejoso.
277 O soldado que, após a batalha, encontra seu general no
mundo dos Espíritos, o reconhece ainda como seu superior?
– O título não é nada; a superioridade real é tudo.
278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os
outros?
– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros
e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como
acontece entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga
idéia. Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos
ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram:
os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer
o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar
entre seres semelhantes.
* Exatamente como numa grande cidade, onde os homens de todas
as categorias e condições se vêem e se reencontram sem se confundirem;
onde as sociedades se formam por semelhanças de gostos; onde
o vício e a virtude convivem cada um à sua maneira.
279 Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso uns aos outros?
– Os bons vão a toda parte e é preciso que seja desse modo para
que possam exercer sua influência sobre os maus. As regiões habitadas
pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as
perturbem com suas más paixões.
280 Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
Espíritos?
– Os bons empenham-se em combater as más tendências dos outros,
a fim de ajudá-los a elevar-se; é sua missão.
281 Por que os Espíritos inferiores gostam de nos induzir ao mal?
– Por inveja de não ter merecimento para estar entre os bons. Seu
desejo é impedir, tanto quanto possam, os Espíritos inexperientes de alcançar
o bem supremo; querem que os outros sintam o que eles mesmos
sentem. Não acontece também o mesmo entre vós?
282 Como os Espíritos se comunicam entre si?
– Eles se vêem e se compreendem; a palavra se materializa pelo reflexo
do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação
constante; é o veículo da transmissão do pensamento, assim como o ar é
o veículo do som. É uma espécie de telégrafo universal que liga todos os
mundos e permite aos Espíritos comunicarem-se de um mundo a outro.
283 Os Espíritos podem esconder seus pensamentos? Podem
se ocultar uns dos outros?
– Não, para eles tudo está a descoberto, principalmente entre os que
são perfeitos. Podem se afastar uns dos outros, mas sempre se vêem.
Isso não é, entretanto, uma regra absoluta, porque certas categorias de
Espíritos podem muito bem se tornar invisíveis para outros, se julgarem
útilfazê-lo.
284 Como os Espíritos, que não têm mais corpo, podem constatar
a sua individualidade e se distinguir dos outros que os rodeiam?
– Eles constatam sua individualidade pelo perispírito, que os
distingue uns dos outros, assim como pelo corpo se podem distinguir os
homens.
285 Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece seu pai, o amigo reconhece seu amigo?
– Sim, e assim de geração em geração.
285 a Como os homens que se conheceram na Terra se reconhecem
no mundo dos Espíritos?
– Nós vemos nossa vida passada e a lemos como num livro; ao ver
o passado de nosso amigos e inimigos, vemos sua existência da vida
à morte.
286 A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
– Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa
de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria.
287 Como a alma é acolhida em seu retorno ao mundo dos Espíritos?
– A do justo, como um irmão bem-amado que é esperado há muito
tempo. A do mau, como um ser que se equivocou.
288 Que sentimento têm os Espíritos impuros quando vêem um
mau Espírito chegando até eles?
– Os maus ficam satisfeitos ao ver seres à sua imagem e privados, como
eles, da felicidade infinita, como, na Terra, um perverso entre seus iguais.
289 Nossos parentes e amigos vêm algumas vezes ao nosso
encontro quando deixamos a Terra?
– Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como
no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a
ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça
para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro,
enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por
Espíritos semelhantes a ele: é uma punição.
290 Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
– Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu
adiantamento. Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do
que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas
vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem
lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a
impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes,
uma punição.
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5 - Salmos: livro bíblico do Velho Testamento (N. E.).

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