sexta-feira, 15 de julho de 2011

LEMBRANÇA DA EXISTÊNCIA CORPORAL


304 O Espírito se lembra de sua existência corporal?
– Sim, isto é, tendo vivido muitas vezes como homem, ele se lembra
do que foi, e eu vos asseguro que, às vezes, ri por sentir dó de si mesmo.
* Assim como o homem que, atingindo a idade da razão, ri das loucuras
de sua juventude ou das ingenuidades de sua infância.
305 A lembrança da existência corporal se apresenta ao Espírito
de maneira completa e de súbito, após o desencarne?
– Não, ele a revê pouco a pouco, como algo que sai de um nevoeiro,
e à medida que fixa sua atenção nisso.
306 O Espírito se lembra, com detalhes, de todos os acontecimentos
de sua vida? Ele alcança o conjunto de um golpe de vista
retrospectivo?
– Ele se lembra das coisas em razão das conseqüências que tiveram
sobre a sua situação de Espírito. Mas deveis compreender que há muitas
circunstâncias da vida às quais não dá a menor importância e que nem
mesmo procura delas se lembrar.
306 a Ele poderia se lembrar, se quisesse?
– Pode se lembrar dos detalhes e de incidentes mais minuciosos,
seja dos acontecimentos, ou até mesmo de seus pensamentos; mas quando
isso não tem utilidade, não o faz.
306 b Ele entrevê o objetivo da vida terrestre com relação à vida
futura?
– Certamente a vê e a compreende bem melhor do que quando encarnado.
Compreende a necessidade de depuração para chegar ao infinito
e sabe que em cada existência se liberta de algumas impurezas.
307 Como a vida passada se retrata na memória do Espírito?
É por um esforço de sua imaginação, ou como um quadro que tem
diante dos olhos?
– De ambas as formas. Todos os atos de que deseja se lembrar são
para ele como se fossem presentes; os outros estão mais ou menos vagos
no seu pensamento, ou totalmente esquecidos. Quanto mais se
desmaterializa, menos dá importância às coisas materiais. Fazeis freqüentemente
a evocação de um Espírito que acaba de deixar a Terra e verificais
que não se lembra do nome das pessoas que amava, nem dos detalhes
que, para vós, parecem importantes; é que já não lhe interessam e caemlhe
no esquecimento. Do que se lembra muito bem é dos fatos principais
que o ajudam a se melhorar.
308 O Espírito se lembra de todas as existências que precederam
a última que acabou de deixar?
– Todo o seu passado se desenrola diante dele, como as etapas percorridas
por um viajante; mas, como já dissemos, não se lembra de uma
maneira absoluta de todos os atos, lembra-se dos fatos em razão da influência
que têm sobre seu estado presente. Quanto às primeiras
existências, as que podemos considerar como a infância do Espírito, perdem-
se no tempo e desaparecem na noite do esquecimento.
309 Como o Espírito considera o corpo que acabou de deixar?
– Como uma veste que o apertavae sente-se feliz por estar livre dele.
309 a Que sentimento experimenta quando vê seu corpo em decomposição?
– Quase sempre um sentimento de indiferença, como por uma coisa
que não tem mais importância.
310 Após um certo tempo, o Espírito reconhece os ossos ou outros
objetos que lhe tenham pertencido?
– Algumas vezes, sim; mas isso depende do ponto de vista mais ou
menos elevado de como considera as coisas terrenas.
311 O respeito que se tem pelos objetos materiais que pertenceram
ao Espírito atrai sua atenção sobre esses objetos e ele vê esse
respeito com prazer?
– O Espírito sempre fica feliz por ser lembrado. O respeito pelos objetos
dele que se conservaram trazem-no à memória daqueles que deixou.
Mas é o pensamento que o atrai até vós e não os objetos.
312 Os Espíritos conservam a lembrança dos sofrimentos que
passaram durante sua última encarnação?
– Muitas vezes a conservam, e essa lembrança os faz avaliar melhor
quanto vale a felicidade que podem alcançar como Espíritos.
313 O homem que foi feliz na Terra lamenta-se dos prazeres que
perde quando a deixa?
– Somente os Espíritos inferiores lamentam os prazeres perdidos relacionados
com a impureza do seu caráter e que expiam por seus sofrimentos.
Para os Espíritos elevados a felicidade eterna é mil vezes preferível aos
prazeres passageiros da Terra.
* Assim como o homem adulto, que nenhuma importância dá àquilo
que fez as delícias de sua infância.
314 Aquele que começou grandes trabalhos com um objetivo útil
e os vê interrompidos pela morte lamenta, no outro mundo, por tê-los
deixado inacabados?
– Não, porque vê que outros estão destinados a terminá-los. Então se
empenha em influenciar outros Espíritos encarnados para continuá-los. Se
o seu objetivo na Terra era o bem da humanidade, continuará o mesmo no
mundo dos Espíritos.
315 Aquele que abandonou trabalhos de arte ou de literatura conserva
por suas obras o amor que lhes tinha quando era vivo?
– De acordo com sua elevação, julga-os sob um outro ponto de vista
e, freqüentemente, se arrepende de coisas que admirava antes.
316 O Espírito se interessa pelos trabalhos que se executam na
Terra pelo progresso das artes e das ciências?
– Isso depende de sua elevação ou da missão que deve desempenhar.
O que vos parece magnífico é, muitas vezes, pouca coisa para certos
Espíritos, que a consideram como um sábio vê a obra de um estudante.
Eles têm consideração pelo que pode contribuir para a elevação dos Espíritos
encarnados e seus progressos.
317 Os Espíritos, após o desencarne, conservam o amor à pátria?
– É sempre o mesmo princípio: para os Espíritos elevados, a pátria é o
universo; na Terra, a pátria está onde há mais pessoas que lhes inspirem
simpatia.
* A situação dos Espíritos e sua maneira de ver as coisas variam infinitamente
em razão do grau de seu desenvolvimento moral e intelectual.
Os Espíritos de uma ordem elevada geralmente fazem na Terra jornadas
de curta duração. Tudo o que se faz na Terra é tão mesquinho em comparação
às grandezas do infinito, as coisas que os homens mais dão
importância são tão infantis a seus olhos, que eles aí encontram poucos
atrativos, a menos que seja em missão com o objetivo de concorrer
para o progresso da humanidade. Os Espíritos de uma ordem mediana
se encontram entre nós mais freqüentemente; porém, já consideram as
coisas sob um ponto de vista mais elevado do que quando encarnados.
Os Espíritos vulgares são a maioria e constituem a massa da população
ambiente do mundo invisível do globo terrestre. Conservaram, com pouca
diferença, as mesmas idéias, gostos e tendências que possuíam quando
encarnados. Eles se intrometem nas nossas reuniões, nos negócios
e nas ocupações e nelas tomam parte mais ou menos ativa, de acordo
com seu caráter. Não podendo satisfazer às suas paixões, estimulam e
se deliciam com os que a elas se entregam. Entre eles, há alguns mais
sérios, que vêem e observam para se instruir e se aperfeiçoar.
318 As idéias dos Espíritos desencarnados se modificam quando
estão na erraticidade?
– Se modificam muito. Sofrem grandes modificações à medida que o
Espírito se desmaterializa. Ele pode algumas vezes permanecer por muito
tempo com as mesmas idéias, mas pouco a pouco a influência da matéria
diminui e vê as coisas com mais clareza. É então que procura os meios de
se aperfeiçoar.
319 Uma vez que o Espírito já viveu a vida espírita em vidas
anteriores, de onde vem seu espanto ao reentrar no mundo dos Espíritos?
– É apenas o efeito do primeiro momento e da perturbação que se
segue ao seu despertar. Mais tarde reconhece perfeitamente o seu estado,
à medida que a lembrança do passado lhe vem e que se apaga a
impressão da vida terrestre. (Veja, nesta obra, questão 163 e segs.)

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