quinta-feira, 2 de junho de 2011

PARTE SEGUNDA - MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS


CAPÍTULO - 1
ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS

76 Que definição se pode dar dos Espíritos?
– Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação.
Eles povoam o universo, fora do mundo material.
* Nota: A palavra Espírito é empregada aqui para designar a individualidade
e não mais o elemento inteligente universal.
77 Os Espíritos são seres distintos da Divindade ou seriam somente
emanações ou porções da Divindade e chamados, por essa
razão, filhos de Deus?
– Meu Deus! São obras de Deus. Exatamente como um homem que faz
uma máquina, essa máquina é a obra do homem, mas não é ele próprio.
Quando o homem faz uma coisa bela, útil, a chama sua filha, sua criação.
Pois bem! Ocorre o mesmo com Deus: somos seus filhos, porque somos
sua obra.
78 Os Espíritos tiveram um princípio, ou são como Deus, de toda
a eternidade?
– Se os Espíritos não tivessem tido um princípio, seriam iguais a Deus.
São sua criação e submissos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade,
isso é incontestável. Mas saber quando e como nos criou, não sabemos
nada. Podeis dizer que não tivemos princípio, se entenderdes com isso que
Deus, sendo eterno, tem criado sem descanso. Mas quando e como cada
um de nós foi criado, repito, ninguém o sabe: esse é o mistério.
79 Uma vez que há dois elementos gerais no universo: o inteligente
e o material, pode-se dizer que os Espíritos são formados do elemento
inteligente, como os corpos inertes são formados do elemento
material?
– É evidente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente,
como os corpos são a individualização do princípio material. A época e
o modo dessa formação é que são desconhecidos.
80 A criação dos Espíritos é permanente, ou só ocorreu no início
dos tempos?
– É permanente, Deus nunca parou de criar.
81 Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns
dos outros?
– Deus os cria, como a todas as outras criaturas, por sua vontade.
Mas, repito mais uma vez, sua origem é um mistério.
82 É exato dizer que os Espíritos são imateriais?
– Como podemos definir uma coisa quando não temos termos de comparação
e com uma linguagem insuficiente? Pode um cego de nascença
definir a luz? Imaterial não é bem a palavra, incorpóreo seria mais exato, porque
deveis compreender bem que o Espírito, sendo uma criação, deve ser
alguma coisa. É uma matéria puríssima, mas sem comparação ou semelhança
para vós, e tão etérea que não pode ser percebida pelos vossos sentidos.
* Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque sua essência difere
de tudo o que conhecemos como matéria. Uma comunidade de cegos
não teria termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença
acredita ter todas as percepções pela audição, pelo olfato, pelo paladar e
pelo tato. Ele não compreende as idéias que lhe dariam o sentido que lhe
falta. Do mesmo modo, em relação à essência dos seres sobre-humanos,
somos como verdadeiros cegos. Podemos defini-los somente por comparações
sempre imperfeitas, ou por um esforço de nossa imaginação.
83 Compreende-se que o princípio de onde emanam os Espíritos
seja eterno, mas o que perguntamos é se sua individualidade tem um
fim e se, num dado momento, mais ou menos longo, o elemento do
qual são formados se dispersa e retorna à massa de onde saiu, como
acontece com os corpos materiais. É difícil compreender que uma
coisa que começou não possa acabar. Os Espíritos têm um fim?
– Há coisas que não compreendeis, porque a vossa inteligência é
limitada. Mas isso não é razão para serem rejeitadas. A criança não compreende
tudo o que seu pai compreende, nem o ignorante tudo o que
compreende o sábio. Nós vos dizemos que a existência dos Espíritos não
acaba; é tudo o que, por agora, podemos dizer.

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