terça-feira, 7 de junho de 2011

ESCALA ESPÍRITA


100 Observações preliminares: A classificação dos Espíritos é baseada
no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições
de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de
absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto,
mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as
diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arcoíris,
ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se
formar um número de classes mais ou menos grande, segundo o ponto
de vista de que se considere a questão. Ocorre o mesmo com todos os
sistemas de classificações científicas: esses sistemas podem ser mais ou
menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos
para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as
bases da ciência. Assim, os Espíritos interrogados sobre esse ponto pu-
deram variar no número de categorias sem que isso tenha conseqüências.
Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição
aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao
que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam
para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra,
os sistemas.
Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder
de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os
muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de
acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos. Qualquer
classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto.
Portanto, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados
são, como na Terra, os ignorantes, incapazes de abranger um conjunto
para formular um sistema. Só imperfeitamente conhecem ou compreendem
uma classificação qualquer. Para eles, todos os Espíritos que
lhes são superiores são de primeira ordem, sem que possam apreciar as
diferenças de saber, capacidade e moralidade que os distinguem entre si,
como faria entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados.
Mesmo os que têm capacidade de o fazer podem variar nos detalhes, de
acordo com seus pontos de vista, principalmente quando uma divisão
como esta não tem limites fixados, nada de absoluto. Lineu, Jussieu e
Tournefort proclamaram, cada um, seu método, e a botânica não se alterou em
nada por causa disso. É que o método deles não inventou as plantas, nem seus
caracteres. Eles apenas observaram as semelhanças e funções com as quais
depois formaram grupos ou classes. Da mesma maneira procedemos nós. Não
inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos. Nós os
julgamos por suas palavras e seus atos, depois os classificamos por semelhanças,
baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes
divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos
imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito
e pela propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito
sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os
da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos
puros.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características
bem definidas. Só nos faltava ressaltar, mediante um número
suficiente de subdivisões, as diferenças principais do conjunto. Foi o que
fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca
nos faltaram.
Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a categoria e o grau
de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos
entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que
merecem. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas
ele pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações,
ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais
dos Espíritos. Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem
exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas
se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em
outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que
se pode notar por sua linguagem e seus atos.

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