quinta-feira, 23 de junho de 2011

ENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOS


172 Nossas diferentes existências corporais se passam todas na
Terra?
– Não, nem todas, mas em diferentes mundos. As que passamos na
Terra não são nem as primeiras nem as últimas, embora sejam das mais
materiais e mais distantes da perfeição.
173 A alma, a cada nova existência corporal, passa de um mundo
para outro ou pode ter várias existências num mesmo globo?
– Ela pode reviver diversas vezes num mesmo globo, se não for suficientemente
avançada para passar a um mundo superior.
173 a Desse modo, podemos reaparecer muitas vezes na Terra?
– Certamente.
173 b Podemos voltar à Terra após ter vivido em outros mundos?
– Seguramente. Já vivestes em outros mundos além da Terra.
174 Voltar a viver na Terra é uma necessidade?
– Não; mas se não avançardes, podereis ir para um outro mundo que
não seja melhor e que pode até ser pior.
175 Existe alguma vantagem em voltar a habitar a Terra?
– Nenhuma vantagem em particular, a menos que se esteja em missão.
Nesse caso se progride aí como em qualquer outro mundo.
175 a Não seria melhor permanecer como Espírito?
– Não, não. Seria permanecer estacionário, e o que se quer é avançar
para Deus.
176 Os Espíritos, após terem encarnado em outros mundos, podem
encarnar neste, sem nunca terem passado por aqui?
– Sim, como vós em outros mundos. Todos os mundos são
solidários: o que não se cumpre em um se cumpre em outro.
176 a Desse modo, há homens que estão na Terra pela primeira vez?
– Há muitos e em diversos graus.
176 b Pode-se reconhecer por um sinal qualquer quando um Espírito
está pela primeira vez na Terra?
– Isso não teria nenhuma utilidade.
177 Para chegar à perfeição e à felicidade suprema, que são o
objetivo final de todos os homens, o Espírito deve passar por todos os
mundos que existem no universo?
– Não. Há muitos mundos que estão num mesmo grau da escala
evolutiva e onde o Espírito não aprenderia nada de novo.
177 a Como então explicar a pluralidade dessas existências num
mesmo globo?
– O Espírito pode aí se encontrar a cada vez em posições bem diferentes,
que são para ele outras ocasiões de adquirir experiência.
178 Os Espíritos podem encarnar corporalmente num mundo relativamente
inferior àquele em que já viveram?
– Sim, se for para cumprir uma missão e ajudar no progresso. Aceitam
com alegria as dificuldades dessa existência, porque lhes oferecem um
meio de avançar.
178 a Isso não pode ocorrer por expiação? Deus não pode enviar
Espíritos rebeldes para mundos inferiores?
– Os Espíritos podem permanecer estacionários, mas não regridem.
Quando estacionam, sua punição é não avançar e ter de recomeçar as
existências mal-empregadas num meio conveniente à sua natureza.
178 b Quais são aqueles que devem recomeçar a mesma existência?
– Os que falharam em sua missão ou em suas provações.
179 Os seres que habitam cada mundo atingiram um mesmo grau
de perfeição?
– Não, é como na Terra: há seres mais avançados e menos avançados.
180 Ao passar deste mundo para um outro, o Espírito conserva a
inteligência que tinha aqui?
– Sem dúvida, a inteligência não se perde, mas pode não ter os mesmos
meios de manifestá-la; isso depende de sua superioridade e das
condições do corpo que vai tomar. (Veja “Influência do organismo”, Parte
Segunda, cap. 7).
181 Os seres que habitam os diferentes mundos possuem corpo
semelhante aos nosso?
– Sem dúvida possuem corpo, porque é preciso que o Espírito esteja
revestido de matéria para agir sobre a matéria. Porém, esse corpo é mais
ou menos material, de acordo com o grau de pureza a que chegaram os
Espíritos. E é isso que diferencia os mundos que devem percorrer; porque
há muitas moradas na casa de nosso Pai e, portanto, muitos graus. Alguns
o sabem e têm consciência disso na Terra; outros não sabem nada.
182 Podemos conhecer exatamente o estado físico e moral dos
diferentes mundos?
– Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de
adiantamento em que vos encontrais. Portanto, não devemos revelar essas
coisas a todos, visto que nem todos terão alcance de compreendê-las,
e isso os perturbaria.
* À medida que o Espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima
igualmente da natureza espírita. A matéria torna-se menos densa,
ele não mais se arrasta em sofrimento pela superfície do solo, as necessidades
físicas são menos grosseiras e os seres vivos não têm mais
necessidade de se destruírem mutuamente para se alimentar. O Espírito
é mais livre e, para atingir coisas distantes, tem percepções que nos são
desconhecidas. Ele vê pelos olhos do corpo o que apenas pelo pensamento
podemos imaginar.
A purificação dos Espíritos reflete-se na perfeição moral dos seres
em que estão encarnados. As paixões brutais se enfraquecem e o egoísmo
dá lugar a um sentimento fraternal. É desse modo que, nos mundos
superiores à Terra, as guerras são desconhecidas, os ódios e as discórdias
não têm motivo, porque ninguém pensa em fazer o mal a seu semelhante.
A intuição que têm do futuro, a segurança que uma consciência
livre de remorsos lhes dá, fazem com que a morte não lhes cause
nenhuma apreensão, por isso a encaram sem temor e a compreendem
como uma simples transformação.
A duração da vida nos diferentes mundos parece ser proporcional
ao grau de superioridade física e moral desses mundos, e isso é perfeitamente
racional. Quanto menos material é o corpo, menos está sujeito
às alternâncias e instabilidades que o desorganizam. Quanto mais puro
é o Espírito, mais livre das paixões que o destroem. Esse é ainda um
benefício da Providência que, desse modo, abrevia os sofrimentos.
183 Ao ir de um mundo para outro, o Espírito passa por uma nova
infância?
– A infância é em todos os lugares uma transição necessária, mas não
é tão frágil em todos os lugares como entre vós, na Terra.
184 O Espírito pode escolher o novo mundo que vai habitar?
– Nem sempre, mas pode pedir e conseguir isso se o merecer; porque
os mundos são acessíveis aos Espíritos de acordo com seu grau de
elevação.
184 a Se o Espírito não pede nada, o que determina o mundo em
que deve reencarnar?
– O grau de sua elevação.
185 O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o
mesmo em cada globo?
– Não; os mundos estão também submetidos à lei do progresso (2).
Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a própria Terra
passará por uma transformação semelhante. Ela será um paraíso quando
os homens se tornarem bons.
* É assim que as raças que hoje povoam a Terra desaparecerão um
dia e serão substituídas por seres cada vez mais perfeitos. Essas raças
transformadas sucederão às atuais, como as atuais sucederam a outras
ainda mais atrasadas.
186 Há mundos em que o Espírito, deixando de habitar um corpo
material, tem apenas como envoltório o perispírito?
– Sim, há. Nesses mundos até mesmo esse envoltório, o perispírito,
torna-se tão etéreo que para vós é como se não existisse. É o estado dos
Espíritos puros.
186 a Disso parece resultar que não há uma demarcação definida
entre o estado das últimas encarnações e o de Espírito puro?
– Essa demarcação não existe. A diferença nesse caso se desfaz
pouco a pouco, torna-se imperceptível, assim como a noite se desfaz diante
dos primeiros clarões da alvorada.
187 A substância do perispírito é a mesma em todos os globos?
– Não; é mais ou menos etérea. Ao passar de um mundo para outro,
o Espírito se reveste instantaneamente da matéria própria de cada um
deles, com a rapidez de um relâmpago.
188 Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou estão no espaço
universal, sem estar ligados mais a um mundo do que a outro?
– Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão
restritos a eles como os homens estão à Terra; eles podem, melhor do que
os outros, estar em todos os lugares*.

* De acordo com o ensinamento dos Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é onde os habitantes são menos avançados, tanto física quanto moralmente. Marte ainda estaria inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corporais, e sim um lugar de encontro de Espíritos superiores que, de lá, irradiam seus pensamentos para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a eles por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis parecem estar numa posição idêntica.
O volume e a distância que estão do Sol não têm nenhuma relação necessária com o grau de adiantamento dos mundos, pois parece que Vênus é mais avançado que a Terra, e Saturno menos que Júpiter.
Muitos Espíritos que na Terra animaram pessoas conhecidas disseram estar encarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é admirável ver, nesse globo tão avançado, homens que, na opinião geral que fazemos deles, não eram reconhecidos como tão elevados. Isso não deve causar admiração, se considerarmos que alguns Espíritos que habitam Júpiter podem ter sido enviados à Terra para cumprir uma missão que, aos nossos olhos, não os colocava em primeiro plano; que, entre sua existência terrestre e a de Júpiter, podem ter tido outras intermediárias, nas quais se melhoraram. E, finalmente, que nesse mundo, como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e que entre esses graus pode haver a mesma distância como a que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Desse modo, o fato de habitarem Júpiter não quer dizer que estão no mesmo padrão dos seres mais avançados de lá, da mesma forma que não se está no mesmo padrão de um sábio da Universidade só porque se reside em Paris.
As condições de longevidade não são também as mesmas que na Terra, e por isso não se pode comparar a idade. Um Espírito evocado, desencarnado há alguns anos, disse estar encarnado há seis meses num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como vós; além do mais, o modo de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos lá com muito mais rapidez; embora não faça mais que seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na Terra”. Muitas respostas semelhantes nos foram dadas por outros Espíritos, e isso nada tem de inacreditável.
Não vemos na Terra um grande número de animais adquirir em poucos meses seu desenvolvimento normal? Por que não poderia ocorrer o mesmo com os habitantes de outras esferas?
Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento adquirido pelo homem na Terra, na idade de trinta anos, pode ser apenas uma espécie de infância, comparado ao que deve alcançar. Bem curto de vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da criação, e é rebaixar a Divindade crer que, fora o homem, nada mais é possível a Deus (N. K.).


2 - Assunto abordado nesta obra, na Parte Terceira, cap. 8 (N. E.).

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