quarta-feira, 15 de junho de 2011

A ALMA


134 O que é a alma?
– Um Espírito encarnado.
134 a O que era a alma antes de se unir ao corpo?
– Um Espírito.
134 b As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma
coisa?
– Sim, as almas são os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é
um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e se revestem
temporariamente de um corpo carnal para se purificar e se esclarecer.
135 Há no homem outra coisa mais que a alma e o corpo?
– Há o laço que une a alma ao corpo.
135 a Qual é a natureza desse laço?
– Semimaterial, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o
corpo. É preciso que assim seja para que possam se comunicar um com
o outro. É por esse princípio que o Espírito age sobre a matéria e vice-
versa.
* Desse modo, o homem é formado de três partes essenciais:
1a ) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado
pelo mesmo princípio vital;
2a ) A alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3a ) O princípio intermediário ou perispírito, substância semimaterial
que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo físico.
São como num fruto: a semente, o perisperma e a casca.
136 A alma é independente do princípio vital?
– O corpo é apenas o envoltório, repetimos isso constantemente.
136 a O corpo pode existir sem a alma?
– Sim, pode; porém, desde que cesse a vida no corpo, a alma o
abandona. Antes do nascimento, não há união definitiva entre a alma e o
corpo; ao passo que, depois que essa união está estabelecida, só a morte do
corpo rompe os laços que o unem à alma, que o deixa. A vida orgânica
pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo
em que não há vida orgânica.
136 b O que seria nosso corpo se não houvesse alma?
– Uma massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exce-
to um ser humano.
137 Um mesmo Espírito pode encarnar em dois corpos diferen-
tes ao mesmo tempo?
– Não; o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois
seres diferentes. (Veja O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, cap. 7 – Da
Bicorporeidade e da Transfiguração.)
138 Que pensar daqueles que consideram a alma como o princí-
pio da vida material?
– É uma questão de palavras que não nos diz respeito. Começai por
vos entenderdes a vós mesmos.
139 Alguns Espíritos e, antes deles, alguns filósofos definiram
assim a alma: “Uma centelha anímica emanada do grande Todo”. Por
que essa contradição?
– Não há contradição; depende da significação das palavras. Por que
não tendes uma palavra para cada coisa?
* A palavra alma é empregada para exprimir coisas muito diferentes.
Uns chamam alma o princípio da vida, e com esse entendimento é exato
dizer, em sentido figurado, que a alma é “uma centelha anímica emana-
da do grande Todo”. Essas últimas palavras indicam a fonte universal do
princípio vital do qual cada ser absorve uma porção que, depois da
morte, retorna à massa. Essa idéia não exclui a de um ser moral distinto,
independente da matéria e que conserva sua individualidade. É esse ser
que se chama, igualmente, alma, e é nesse sentido que se pode dizer que
a alma é um Espírito encarnado. Ao dar à alma definições diferentes, os
Espíritos falaram conforme a idéia que faziam da palavra e de acordo
com as idéias terrestres de que ainda estavam mais ou menos imbuí-
dos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não tem
uma palavra para cada idéia, gerando uma infinidade de enganos e dis-
cussões. Eis por que os Espíritos superiores nos dizem que nos enten-
damos primeiro acerca das palavras (Ver na Introdução explicação mais
detalhada de alma).
140 O que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes
quanto os músculos e sendo responsável, assim, por cada uma das
funções do corpo?
– Isso depende ainda do sentido que se dá à palavra alma. Se a
entendermos como o fluido vital, tem razão; mas se queremos entendê-la
como Espírito encarnado, é errada. Como já dissemos, o Espírito é indivi-
sível. Ele transmite o movimento aos órgãos pelo fluido intermediário, sem
se dividir.
140 a Entretanto, há Espíritos que deram essa definição.
– Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
* A alma atua por intermédio dos órgãos e os órgãos são animados
pelo fluido vital, que se reparte entre eles e se concentra mais fortemente
nos órgãos que são os centros ou focos do movimento. Conseqüente-
mente, não procede a idéia de igualar a alma ao fluido vital, se por alma
queremos dizer o Espírito que habita o corpo durante a vida e o abandona
na morte.
141 Há alguma verdade na opinião dos que pensam que a alma
é exterior e envolve o corpo?
– A alma não está aprisionada no corpo como um pássaro numa
gaiola. Irradiante, ela brilha e se manifesta ao redor dele como a luz através
de um globo de vidro ou como o som ao redor de um centro sonoro. É
desse modo que se pode dizer que é exterior, mas não é o envoltório do
corpo. A alma tem dois envoltórios ou corpos: um sutil e leve, que é o
primeiro, chamado perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é
o corpo carnal. A alma é o centro de todos esses envoltórios, como o
germe o é numa semente, como já dissemos.
142 O que dizer desta outra teoria segundo a qual a alma, numa
criança, se completa a cada período de vida?
– O Espírito é um só, está completo na criança como no adulto. Os
órgãos ou instrumentos das manifestações da alma é que se desenvol-
vem e se completam. Nesse caso é ainda tomar o efeito pela causa.
143 Por que todos os Espíritos não definem a alma da mesma
maneira?
– Os Espíritos não são todos igualmente esclarecidos sobre estas
questões. Há Espíritos cujos conhecimentos são ainda limitados e não
compreendem as coisas abstratas, como ocorre entre vós com as crian-
ças. Há também Espíritos pseudo-sábios, que fazem rodeio de palavras
para se impor; aliás, como acontece entre vós. Mas, além disso, os próprios
Espíritos esclarecidos podem se exprimir em termos diferentes que, no
fundo, têm o mesmo significado, especialmente quando se trata de coisas
para as quais a vossa linguagem é inadequada para exprimir claramente,
precisando de figuras e comparações que tomais como realidade.
144 O que se deve entender por alma do mundo?
– O princípio universal da vida e da inteligência de onde nascem as
individualidades. Mas aqueles que se servem dessas palavras freqüente-
mente não se compreendem uns aos outros. A palavra alma tem uma
aplicação tão elástica que cada um a interpreta de acordo com a sua
imaginação. Já se atribuiu, também, uma alma à Terra, o que é preciso
entender como sendo o conjunto de Espíritos devotados que dirigem as
vossas ações no bom caminho quando os escutais, e que são, de algum
modo, os representantes de Deus em relação ao vosso globo.
145 Como tantos filósofos antigos e modernos têm discutido por
tanto tempo sobre a ciência psicológica sem ter chegado à verdade?
– Esses homens eram os precursores da Doutrina Espírita eterna. Eles
prepararam os caminhos. Eram homens e se enganaram, tomaram suas
próprias idéias pela luz. Mas os próprios erros servem para deduzir a ver-
dade ao mostrar os prós e os contras. Aliás, entre esses erros se encontram
grandes verdades, que um estudo comparativo tornará compreensíveis (1).
146 A alma tem uma sede determinada e circunscrita no corpo?
– Não, mas está mais particularmente na cabeça entre os grandes
gênios, os que pensam muito, e no coração nos que têm sentimentos
elevados e cujas ações beneficiam toda a humanidade.
146 a Que pensar da opinião daqueles que colocam a alma num
centro vital?
– Isso quer dizer que o Espírito se localiza, de preferência, nessa parte
do vosso organismo, uma vez que é para aí que convergem todas as
sensações. Aqueles que a colocam no que consideram como centro da
vitalidade a confundem com o fluido ou princípio vital. Contudo, pode-se
dizer que a sede da alma está mais particularmente nos órgãos que ser-
vem às manifestações intelectuais e morais.

1 - Compare essa resposta com a da questão 628 (N. E.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário