10 O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
– Não, falta-lhe, para isso, um sentido.
11 Um dia será permitido ao homem compreender o mistério da
Divindade?
– Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e,
pela sua perfeição, estiver mais próximo de Deus, então o verá e o com-
preenderá.
* A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreen-
der a natureza íntima de Deus. Na infância da humanidade, o homem O
confunde muitas vezes com a criatura, da qual lhe atribui as imperfeições;
mas, à medida que o senso moral nele se desenvolve, seu pensamento
compreende melhor o fundo das coisas e ele faz uma idéia de Deus mais
justa e mais conforme ao seu entendimento, embora sempre incompleta.
12 Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus,
podemos ter idéia de algumas de suas perfeições?
– Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que
se eleva acima da matéria. Ele as pressente pelo pensamento.
13 Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imate-
rial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos
uma idéia completa de seus atributos?
– Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo. Mas
ficai sabendo bem que há coisas acima da inteligência do homem mais
inteligente e que a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e sensa-
ções, não tem condições de explicar. A razão vos diz, de fato, que Deus
deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se tivesse uma só de
menos, ou que não fosse de um grau infinito, não seria superior a tudo e,
por conseguinte, não seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele
não pode estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter nenhuma
das imperfeições que a imaginação possa conceber.
* Deus é eterno. Se Ele tivesse tido um começo teria saído do nada,
ou teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em
degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável; se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o
universo não teriam nenhuma estabilidade.
É imaterial, ou seja, sua natureza difere de tudo o que chamamos
matéria; de outro modo não seria imutável, porque estaria sujeito às
transformações da matéria.
É único; se houvesse vários deuses, não haveria unidade de desíg-
nios, nem unidade de poder na ordenação do universo.
É todo-poderoso, porque é único. Se não tivesse o soberano poder,
haveria alguma coisa mais ou tão poderosa quanto Ele; não teria feito
todas as coisas e as que não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das Leis
Divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabe-
doria não permite duvidar de sua justiça nem de sua bondade.
O texto colocado após o travessão na seqüência das perguntas é a resposta que os Espíritos
deram. O sinal * indica que é um comentário de Kardec às respostas dos Espíritos (N. E.).
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