quarta-feira, 11 de maio de 2011

14. MANEIRAS E MÉTODOS/ERROS DE ORTOGRAFIA


Não nos deteríamos sobre a objeção de alguns críticos às falhas
de ortografia de alguns Espíritos, se ela não nos permitisse fazer, so-
bre o fato, uma observação essencial. A ortografia deles, é preciso
dizer, nem sempre é impecável; mas é necessário não ter mais nenhum
argumento para fazer disso objeto de uma crítica séria, alegando que,
uma vez que os Espíritos sabem tudo, devem saber ortografia. Pode-
ríamos apontar numerosos pecados desse gênero cometidos por mais
de um sábio da Terra, o que não lhes tira em nada o mérito; entretan-
to, há nesse fato uma questão mais importante: para os Espíritos e
principalmente para os Espíritos Superiores, a idéia é tudo, a forma
não é nada. Desligados da matéria, sua linguagem é rápida como o
pensamento, uma vez que é o próprio pensamento que se comunica
sem intermediário; em vista disso, devem sentir-se constrangidos, pou-
co à vontade, quando são obrigados, para se comunicar conosco, a
se servir de formas longas e confusas da linguagem humana, agrava-
das pela insuficiência e imperfeição dessa linguagem para exprimir
todas as idéias; é o que eles próprios dizem. É curioso também ver os
meios que empregam para atenuar esse inconveniente. Certamente
faríamos o mesmo se tivéssemos que nos exprimir numa língua mais
longa em palavras e expressões e mais pobre do que aquela que nos é
usual. É o embaraço que experimenta o homem de gênio, como pode-
mos imaginar, se impacientando com a lentidão de sua caneta, que
está sempre atrás de seu pensamento. Concebe-se, por essa razão,
que os Espíritos dêem pouca importância ao detalhe da pobreza das
regras ortográficas, quando se trata especialmente de um ensinamento
sério. Já não é maravilhoso, aliás, que eles se exprimam indiferente-
mente em todas as línguas e as compreendam todas? Entretanto, não
devemos concluir que a correção convencional da linguagem lhes seja
desconhecida; eles a observam quando necessário. É assim, por exem-
plo, que a poesia ditada por eles, muitas vezes, desafia a crítica mais
meticulosa, e isso apesar da ignorância do médium.

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